FAZENDA UNIãO

A história da Fazenda União inicia-se em 1802, quando José Laureano do Amaral obteve por concessão uma
sesmaria. Ficando durante 11 anos sem condições para explorar as terras, resolveu vendê-las, em 1813, para
João Pereira Nunes, que também não produziu, não beneficiou nem plantou nada em seus campos.
Em 1814, o Capitão Bernardo Vieira e sua esposa, Dona Escolástica Maria de Jesus, compraram estas terras
sem produção alguma e inexploradas. O casal então deu o nome de Fazenda do Paraíso à propriedade recémadquirida.
Com o falecimento do Capitão Bernardo Vieira, em 1838, as terras da Sesmaria foram dividas em sete partes,
dando origem às Fazendas União, Esperança, Sapucaia, São Luís, São Policarpo, Divisa e Sossego. Desta
partilha de bens entre herdeiros, coube a José Vieira Machado e sua esposa, Dona Lina Laudegária Vieira
e Souza, a Fazenda União. Em 05 de Setembro de 1853, a propriedade foi vendida para Antônio Pereira da
Fonseca Júnior, que adquiriu, também, a Fazenda Esperança, unidas em uma só propriedade sob a denominação
de “Saudades do Rio”.
Em 18 de Setembro de 1859, a fazenda retomou o seu antigo nome de União, através do Barão e, mais tarde,
Visconde do Rio Preto, sendo esse o seu mais próspero e ilustre proprietário. Por causa de sua localização
privilegiada, situada ao longo do caminho para as Minas Gerais, a fazenda tornou-se passagem e pouso
obrigatório para viajantes, impondo-se como uma das mais concorridas, da então recém-fundada freguesia
de Santa Teresa de Valença. O filho do Visconde do Rio Preto, o segundo Barão do Rio Preto (Domingos
Custódio Guimarães Filho) recebeu, em 1867, a Fazenda União, tornando-se seu proprietário. Posteriormente,
em 1873, o médico Camilo Bernardino Fraga e sua esposa, Dona Luíza Vieira da Cunha Fraga, tornaram-se
seus proprietários. A abolição da escravatura, em 1888, acelerou o processo de decadência do ciclo e das
fazendas de café.
Em 1901, a agora viúva Dona Luíza, enfrentando graves dificuldades financeiras, viu-se obrigada a hipotecar a
fazenda a João Alves Montes. Em meados do ano de 1918, o Senhor Melchiades Augusto de Mourão Matos, que
havia sido padre e abandonou o celibato para desposar Dona Olga Morgante Ferreira, comprou a propriedade,
vendendo-a quatro anos mais tarde, em 1922, para José Rodrigues de Almeida e sua esposa Dona Prudência.
O casal resolveu então mudar a atividade produtiva da fazenda para a criação do gado leiteiro, que em todo o
Vale do Paraíba tornara-se a atividade econômica principal. A Fazenda União permaneceu com os herdeiros
de José Rodrigues de Almeida até 1972, quando foi vendida para Vicente Crispin de Oliveira e Dona Filomena
Faria de Oliveira.
Adquirido por João Manoel dos Reis Filho em 1992, o prédio centenário foi revitalizado e com a orientação
para atender aos requisitos do conforto moderno, foram recuperados o telhado, os pisos, toda a estrutura
em madeira e até seus porões. O entorno da secular sede recebeu um elaborado cuidado paisagístico, onde
procurou-se preservar as árvores centenárias. O mobiliário foi então acrescido de peças de época, recuperadas
e adquiridas em leilões, antiquários e incansáveis inserções pela região do Vale.
Mais tarde, João Manoel casou-se com Dona Rosalina Monteiro dos Reis e, no sentido de preservar e divulgar
o estilo de vida e os costumes do nosso período imperial, sobretudo durante a fase do café no Vale do Rio
Paraíba, o casal vem preservando as tradições e, para oferecer a hospitalidade e o provincianismo daquela
época, transformaram a Fazenda União em um espaço de cultura e lazer.
Sem dúvida nenhuma a Fazenda União configura-se como uma fazenda-satélite ou, como alguns historiadores
preferem, uma fazenda exclusivamente de trabalho. Sua arquitetura modesta comprova os fatos. Quando
adquirida em 1873, pelo médico Camilo Bernardino da Fraga, a casa-sede passou por grande reforma com
intuito de ampliá-la e dotá-la de conforto. Elementos artísticos comuns deste período foram acrescentados,
como, por exemplo, lambrequins, varanda de entrada com vidros coloridos, papel de parede etc. Com a reforma
recente, muitos desses elementos foram retirados além de outros, incorporados à antiga.