FAZENDA SãO JOãO DA PROSPERIDADE
O primeiro registro desta fazenda em documentos oficiais é um mapa datado de 1814, em que estão demarcadas diversas sesmarias na região de Ipiabas. Numeradas de 1 a 30, nestas sesmarias de meia légua em quadra, constam os nomes dos seus proprietários. A de número 15 pertence a Antônio Gonçalves de Moraes, que nesta época devia ter apenas 11 anos de idade. Tudo indica que tais terras foram pedidas em nome dele, porém em poder do pai, José Gonçalves de Moraes, o futuro Barão de Piraí, também senhor de várias sesmarias naquela região.
Inicialmente era apenas denominada Fazenda da Prosperidade, fundada entre 1820 e 1830, quando o café começou a ser cultivado na região. Antônio Gonçalves de Moraes, apelidado de “Capitão Mata Gente”, cuja alcunha teve origem após um incidente em sua Fazenda do Salto Pequeno, no município de Passa Três. Neste episódio, escravos teriam matado o feitor e, para encobrir o ocorrido, Antônio teria ordenado que os escravos atirassem o corpo num açude, com uma pedra amarrada ao pescoço. No entanto, ciente de que a polícia chegava à fazenda, ele mandou que retirassem o corpo do açude e o enterrassem numa bacia de cal. A polícia nada encontrou na propriedade.
Antônio Gonçalves de Moraes casou-se com Rosa Luíza Gomes de Moraes, filha do Barão de Mambucaba. Era também dono da Fazenda Braço Grande, atual Ibitira, que doou a seu filho José Gonçalves de Moraes, em 1843; bem como da Fazenda São Félix. Em 1843, ainda segundo escritura, Antônio Gonçalves de Moraes comprou um sítio denominado Barra do Piraí e, em 1853, construiu uma ponte sobre o rio Piraí, dando início ao povoado de São Benedito, origem da cidade de Barra do Piraí. Em 1883, com a inauguração da Estrada de Ferro Santa Isabel do Rio Preto, que saía de Barra do Piraí e ia até a mesma, mais tarde denominada Viação Férrea de Sapucay e posteriormente Rede Mineira de Viação, passou a existir a estação “Prosperidade”, que seguia para o Rio de Janeiro pela Estrada de Ferro Dom Pedro II.
O Capitão Mata-Gente faleceu em 1876, e nos autos do seu inventário post-mortem é possível constatar que o monte-mor chega à cifra extraordinária de 1:005:699$800 contos de réis, sendo dele as fazendas São Felix; São João da Prosperidade; Fazenda Velha; o sítio do Viana e uma casa na rua Conde D’Eu, no Rio de Janeiro.
Só na Prosperidade trabalhavam 214 escravos, que cultivavam 256 mil pés de café.